por Manoel Belarmino
Neste Sábado da Aleluia
Vi num poste pendurado
Um feio casal de judas
E por cordas amarrado
Esperando chegar a hora
Para ser ali queimado.
Lá na rua Castelo Branco,
Poço Redondo, a cidade,
Os judas ali estão
Representando a maldade
Da traição contra Jesus,
Na negação da Verdade.
Sempre o Judas, o traidor,
É queimado no Sertão
Sob o fogo dos sertanejos
Depois da Sexta da Paixão.
O traidor aqui se lasca
No fogo ou no mosquetão.
Desde o tempo do Cangaço
Que traidor sempre se lasca.
Morre queimado no fogo
Ou na bala vira casca.
Imagine quem trai Jesus
Se no fogo não se enrasca?
É assim o fim do Judas:
Morrer no fogo, queimado,
Pendurado lá num poste
E pelo povo condenado.
Mas pra cada cidadão
O judas deixa um legado.
A calça deixa pra um
E pra outro deixa a gravata
O cinto vai pra fulano
E pra cicrana a chibata
E pra alguma autoridade
Ele vai deixar a bata.
Hoje é Sábado de Aleluia
E por Judas não respondo,
A pedido, faço os versos,
Que aqui eu vou compondo
Sobre esses bonecos feios,
Judas de Poço Redondo.