1° capítulo de ‘Velho Chico’: a volta dos que sempre ficam


- 15 de março de 2016 | - 6:00 - - Home » » » »

Narrativa traz de volta a sempre interessante abordagem do coronelismo, conta paixão proibida e já em sua estreia deixa crítica social ao público 

Foto: TV Globo/Reprodução

Foto: TV Globo/Reprodução

 

A TV Globo estreou a sua nova novela da faixa das nove, ‘Velho Chico’, ambientada no Sertão nordestino, às margens do Rio São Francisco, em plenos anos 60. A trama, de fotografia impecável, traz uma temática com histórico de sucesso na teledramaturgia brasileira: o coronelismo, já visto em sucessos como ‘Gabriela’, ‘Roque Santeiro’, ‘Cabocla’ e mais recentemente na minissérie ‘Amores Roubados’.

Como era de se esperar, o primeiro capítulo, exibido nessa segunda-feira (14), demonstrou a cautela de Benedito Ruy Barbosa em, logo de cara, apresentar os personagens e o traço da história-central ao público. Estes pontos não deixaram a desejar. O elenco é recheado de nomes de peso. Tarcísio Meira, por exemplo, faz jus ao tacanho Jacinto. O enredo aparenta ser fiel ao cenário e sua cronologia, embora um pouco previsível. Isso porque não é necessário esforço para se dar conta de quem são os bons e quem são os maus. Logo na primeira noite, se viu conversa (quase) resolvida na bala, festa maluca em terras soteropolitanas (que porréssa, meu rei?!), o nascer de um amor proibido, anúncio de rivalidade de famílias e, como sempre, a busca por justiça social, incansááável (ZzZz) estereótipo. Na cena em que cobra atitude e valorização do trabalho aos pequenos agricultores, Ernesto Rosa (Rodrigo Lombardi) projeta um movimento sem-terra e deixa ali aberto questões de cunho político.

Uma baixa foi a desnecessária a trilha de sofrimento cantado a capela. O auge, musicalmente falando, ficou com a interpretação de ‘Sabiá’, de Geraldo Azevedo, na base do gogó e zabumba improvisada. Tropicália no tema de abertura, um tiro certo. Quem sabe não ficará mais tão chato de se estudar os movimentos musicais escutando antes alguns de seus “singles” (todos sabemos que músicas de abertura grudam na cabeça de forma involuntária!).

Tudo em ordem quanto ao sotaque dos personagens – por enquanto.  No que preocupa, de certa maneira, é que se esperávamos eram cenas leves, por se tratar de horário nobre, engano nosso. Nudez à gosto nas aparições de Carol Castro. Nesse aspecto, mais pareceu ser uma novela das 23h, ou até mesmo minissérie exibida “lá pra quase meia-noite”. Fica incerto se os moldes seguirão assim, já que tal fator possa ter contribuído para os 36 pontos de audiência nas grandes metrópoles.

Obviamente, ainda é (muito) cedo para projetar a reação e o recebimento do público. Deve-se observar, a médio prazo, o ritmo e apelo da trama. A Globo precisa de um sucesso, e já viu fenômenos acontecerem quando os centros urbanos são deixados de lado.

Se a primeira impressão é a que fica, ‘Velho Chico’, com um jeitinho de novela antiga (Roque Santeiro, que tal?), agradou. E chega para preencher um espaço sempre reservado às estórias que falam do nosso Sertão e da ganância – e resistência dos/aos que nele mandam.

Por: Aécio Filho
Fã de esportes e interessado em política. Eclético até a medida do possível, quando (e se) possível.
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